quarta-feira, 11 de julho de 2012

Disciplina, coragem e obstinação


Mais uma quinta. Vamos nós ao compromisso firmado. Este espaço batizado de Sempre Quinta, como já dito, busca evitar a zona de conforto, impor mais um desafio com uma máxima que me esforço muito para fazer de mantra, lema, aforismo, enfim...que é: disciplina é liberdade. 
Acredito piamente nisto. Só conseguimos liberdade se tivermos condições de usufruir a liberdade, que por si só nos é uma condição, nos bate a porta, pulsa em nós por mais presos que estejamos. E a condição diária para isto é a disciplina. Seguir a risca o que nos manda a consciência. Dormir tranquilo e livre. Se bem que no meu caso - sofredor de insônia crônica - não são poucos os dias em que “dormir tranquilo e livre” é apenas uma metáfora. 
E minha disciplina sempre está associada ao conceito de aproveitar o tempo; otimizá-lo até mesmo nos estágios de contemplação, na busca do verso perfeito; até mesmo naquele “nada para fazer” tão maiêutico que nos surpreende em um fim de noite, fim de tarde, fim de semana, quem sabe num possível fim de mundo...na remota possibilidade dos  Maias estarem certos. (brincadeirinha!)
É a disciplina e a obstinação que sustenta de pé os sonhos. Acredito piamente nisto. Coragem de lutar, organizar-se para lutar, obstinar-se em vencer por pior que sejam eventuais derrotas. Mas, derrotas não podem vencer; ao contrário, devem nos ensinar estratégias para futuras vitórias. E aí reside a disciplina de saber olhar para dentro, colar os cacos lentamente, remontar as peças do motor, enquanto o rio segue o seu curso sem parar...
Sem disciplina, sem obstinação, sem coragem, nos jogamos no rio. Vamos ao sabor da correnteza. Não conquistamos a nossa liberdade. Sei disso porque nenhuma de minhas conquistas foi fácil até aqui, mas todas foram saborosas e com uma maravilhosa sensação de vitória que se faz diretamente proprocional às dificuldades. Quanto maiores as dificuldades, mais disciplina com minhas tarefa e mais obstinação exigi de mim. Mais longo e árduo foram os caminhos; mais sólidas e duradouras as conquistas. 
Sei que é frase de pára-choque de caminhão, mas: o que vem fácil, também vai fácil. Sei que é frase de filósofo alemão, mas o que não nos mata, nos fortalece. Eu acrescentaria: nos mantém mais disciplinados e direcionados à meta de sermos livres, de conquistarmos esta liberdade sem favores, sem dever a cabeça, nem as calças! Por falar em filósofo alemão, fico com minha sábia avó que não abriu muitos livros, mas bem desbravou a vida para criar muitos filhos: o que não mata, engorda. Frase aliás que deve pertencer a várias avós por aí.
Engorda? Sim, engorda. Nos dá corpo, sustância, substância. A disciplina de saber o que se quer: não quero ser melhor do que ninguém; quero acordar sempre melhor do que eu mesmo. Cada dia um degrau; subir até mesmo quando aparentemente tudo parecer queda livre e sem chão à vista. Se é que o leitor me entende. A busca por novos horizontes também passa por disciplina, obstinação e coragem. Pense numa tríade fundamental para se desbravar qualquer caminho.
Um dia - quando tinha 16 anos - escrevi num guardanapo de mesa de bar enquanto conversava com amigos que decidiam seus futuros profissionais; que conversavam sobre vestibular. Tinha acabado de me formar em Edificações. Estava entre futuros engenheiros e arquitetos. Rabisquei: “eu quero ser jornalista”. Um amigo leu e disse que eu estava no caminho errado. Não sabia ele o quanto eu estava disciplinado e obstinado ainda que escrevendo por linhas tortas.
O curso de Edificação me ensinou a devorar números por pura disciplina. Obrigo-me a entender assuntos que não gosto, como forma de ampliar os horizontes e enxergar de forma mais nítida ao que me dedico porque amo. Parece estranho? Bem, para mim dá certo. Sem contar que estudar a História da Matemática (é o que faço com um livro desta ciência ao qual me dedico agora) me obriga a sair da zona de conforto. Obriga-me a encarar que o céu é bem maior que este quadrado com poucas estrelas que enxergo por meio da janela. 
Por isso é essencial manter vivo o desafio sempre, com disciplina, coragem e obstinação. Assim, creio eu. Estou errado?

3 comentários:

  1. Lula Vilar seu texto é bastante instigador! Gostei muito desta parte: "nenhuma de minhas conquistas foi fácil até aqui, mas todas foram saborosas e com uma maravilhosa sensação de vitória que se faz diretamente proprocional às dificuldades." Se bem que todo o texto é inspirador e desafiador ao mesmo tempo! Muito bom ler estas sábias palavas! Abraço!

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  2. Luis Vilar, está certo (brinco respondendo a última pergunta do texto, risos...). Adorei a parte do texto que diz: "[...] derrotas não podem vencer; ao contrário, devem nos ensinar estratégias para futuras vitórias". Eu penso da mesma forma. Revelo que a derrota tira durante algum tempo minhas forças para as futuras vitórias,mas é justamente o tempo para o fortalecimento e aprendizado de novas estratégias para vitórias futuras. É muito bom ter acesso aos seus textos maravilhosos. Parabéns!

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