segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Meus horizontes dentro do horizonte


Dos cantos da casa onde moro, talvez o que eu mais goste seja a varanda. Costumo dizer - em casa mesmo! - que lá fiz meu escritório. Uma pequena mesa e uma cadeira. Lá, é possível encarar a linha do horizonte. É bem verdade que esta vista diminuiu com o tempo. Mas, por entre prédios e outros pilares da selva de pedra (nada contra ela; só para usar a metáfora) ainda consigo tirar a cara do computador e contemplar o horizonte por meio de brechas. 
Observar o mesmo horizonte sempre me mostrou novos horizontes. É assim, por exemplo, quando - em alguns fins de tarde - ando pela orla. Sempre com o foco na linha que parece colar o céu com o mar. Qual a sensação? Bem, o horizonte é utopia, mas postas metas perfeccionistas em cima dele é possível definir um norte para chegar o mais perto possível de tais metas. Sempre fui um cara disciplinado neste sentido. Sempre fui de me impor tarefas, planos, metas e objetivos. 

Conquistado um é respirar fundo e partir para outro. Neste sentido, acumulei vitórias, derrotas e - metaforicamente! - já perdi dentes e levantei troféus. Tudo isto sem perder horizontes de vista. Sem deixar de saborear o vinho, mas sempre com a ciência de que se deve brindar às uvas. Buscar a meta, mas sem perder a beleza das pequenas conquistas paralelas do caminho. Até as conquistas não previstas. 

Os imprevistos são maravilhosos. Podem alterar a percepção do horizonte. Marinheiro que conhece os sete mares e em uma onda inesperada enxerga nestes mesmos mares um oitavo mar. Dá para entender? Acho que sim! Dos horizontes já tirei poemas. Olhando para os horizontes já fiquei rabiscando em guardanapos (lembra desse texto? Tá lá para baixo neste blog). Dos horizontes já tirei até planos para a profissão. Alguns deram certo; outros não. 

Foi em uma tarde, andando na orla - eu, o Ipod, minhas circunstâncias e o horizonte na cara - que decidi fazer o Blog do Vilar Ao Vivo. Uma hora depois liguei para o jornalista Carlos Melo informando do plano. Ele deu o “ok” na hora. Depois liguei para uma jornalista Laíse Moreira (GRANDE AMIGA) e pedi ajuda no projeto. Ela não só topou como enriqueceu a ideia e transformou no que o Blog do Vilar Ao Vivo é hoje: um talk-show (escreve assim? Preguiça de olhar no Google. Prefiro arriscar a escrita olhando a linha do horizonte...hehehehe). 

Foi em uma outra tarde, da varanda de casa, olhando o horizonte, eu, o Ipod, minhas circunstâncias, uma xícara de café e uma brecha apontando para o horizonte, que decidi pedir demissão da Tribuna Independente e investir em um projeto ainda embrionário que está nascendo (mas não estou autorizado a falar) e que pode dar certo. Espero que sim. No fim das contas, sabe aquela história de abandonar a zona de conforto? Pois é, acho que o olhar ao horizonte é um primo-irmão-gêmeo dela. 

As pessoas que me acompanham devem ficar malucas com minha “lógica ilógica” nas decisões, mas me guiaram até aqui. Fizeram-me conhecer o melhor e o pior de mim. Em alguns momentos foram ventos, em outros foram âncoras. E no final, mesmo as derrotas se transformaram em troféus na parede da memória. Como as cicatrizes. Com o tempo aprendi a encarar minhas cicatrizes como customização. Saca? É inevitável esta alquimia. Com o tempo, é sim inevitável. Pode crer! 

E por fim. Foi em uma outra tarde que - parado no engarrafamento - que virei para o lado, olhei o horizonte. Era uma quinta-feira e pensei no Conversas de Quinta. O blog perdeu a temporalidade. Não consegui manter o ritmo. Mas, foi um acerto e tanto do ponto de vista do confessionário. Para vocês entenderem qual é o sentimento eu posso afirmar que o Conversas de Quinta trouxe o horizonte para dentro do computador. 

Por vezes, um texto como este aponta para novos horizontes e lá vou eu construir pontes entre o local que estou agora e o horizonte que vejo. Óbvio que não o alcanço, mas o que se vai fazendo no caminho é impressionante. Poesia pura. Perdas e danos, danos e perdas...enfim, versos impressionantes em forma de prosa, em qualquer forma, em forma de silêncios que talvez nunca sejam publicados. 

Sabe o que faço agora? Escrevo da varanda. Bem! Por hoje é só. Agora, cara para o horizonte e daqui a pouco voltar a trabalho. Valeu pessoal pela companhia de sempre. 

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