terça-feira, 16 de outubro de 2012

Mundo vasto mundo...vasto mudo!


Mundo vasto mundo, mais fácil fazer rima do que fazer sentido ou achar solução! Eis que as madrugadas roubam o sentido da “lógica do sistema” e o mundo vasto mundo se encontra logo ali na esquina com uma caixa de lápis de cor para pintarmos novos valores, novas verdades, novas lógicas, novas poesias, novas artes, mas jamais - JAMAIS! - sentido absoluto para momentos em que buscamos um “algo” mais transcendental. 

Talvez, por entre versos, o sentido se faça.. A sina do poeta. Como a magia de um sol nascendo iluminando a sala; como a magia de um olhar que - em instantes - clareia tudo aquilo que o nosso coração teima em manter escondido dentro de si mesmo. Talvez por puro amor. Por celebrar a beleza de se estar vivo e só! 

Nas madrugadas, quando perco de vista a tal “lógica do sistema”, o pragmatismo das decisões; afasto o mundo prático, restrito, pequeno, dos sentidos tangenciáveis em funções das decisões sobre os pilares fundamentados dos valores...e dou de cara com um universo suscetível uma série de interrogações metafísicas, mas que não possuem qualquer pretensão de encontrar respostas transcendais. Talvez por desconfiar que tais respostas não existem.

O mergulho com hora marcada no mar a ser desbravado dentro do oceano denominado insônia. Neste instante, escrevo numa pequena folha de papel ao lado: que causa ainda emociona? Como é possível adotar um pragmatismo de forma tal que nos venha impedir de sonhar? Falo de “sonhar” em um sentido bem amplo. Não estou falando das metas factíveis com as quais sonhamos: o carro novo, o emprego novo, e por aí vai...falo sonhar de forma mais ampla dentro de um mundo vasto mundo onde o coração busca mais que rimas, talvez até mais que soluções. Sonhos metafísicos. 

Não se espantem, meus caros, apesar de no final desta fazer existir uma exclamação! O lirismo pode ser áspero, irônico e estar no muro de concreto cuja única função é esconder um jardim. O lirismo pode estar na insônia, pode estar na nostalgia, nas causas perdidas que teimam em nos encontrar (ou seria reencontrar). Não abandonamos versos, os trancafiamos em silêncio, varremos para baixo do tapete. Uma hora a coisa salta aos olhos. Fica visível no escuro da sala, aponta para todos os questionamentos que concentram o infinito na fumaça da xícara do café, na ponta do cigarro que se espreme contra o filtro até deixar de brilhar (serve até de metáfora para a vida humana).

Mas, nossa chama brilha sem filtros; entra na veia. Luz que se espalha. Centelha que ilumina. Coração que dispara. Respiração que foge ao controle no meio de uma madrugada. O mundo vasto mundo está te encarando do espelho. Vontade de chorar, gritar, silenciar, seguir, parar...enfim...fome de sentido diante de uma interrogação posta: a existência. Interrogação profunda que para alguns pode levar o epíteto de “crise existencial”. Aos pragmáticos, o sentido literal que pode sequer tangenciar o que falo agora. Aos insones, a certeza de que é bem mais difícil a conquista do espelho do que a corrida pela conquista do espaço!

Do eu do “dia-a-dia” para o eu insone, uma ponte. Apresento a ponte por onde passam as palavras que rompem o silêncio e que me trazem até aqui. Qual a bagagem destas palavras. Bem, uma mala onde cabe tudo e onde cabe o nada. Uma existência que toma a forma moldada por valores que me antecederam. Alguns contra os quais luto, outros que aceito. Mas serão eles pilares, acertos, verdades...vai saber! Na insônia, o mar é vasto...

Se por um lado a insônia pode ser vista como um mar vasto; por outro lado, é também uma ilha de onde contemplo o mundo em silêncio, mas mesmo assim em movimento. Sartre me dá razão, a insônia me dá a sensibilidade. Razão & Sensibilidade. Já tem um livro com esse nome né?! Putz, cheguei atrasado...

Mas, toda vez - em meio a estes turbilhões provenientes da insônia - sempre chego atrasado a algum sentido, como se fosse livre apenas para escolher minha própria prisão de crenças. É o que? Faz sentido? ido...ido...ido...ido...ido...? É, caros insones, o eco de nossas madrugadas. Mundo vasto mundo, é o que tens a responder. O eco rima, mas não é solução! 

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