Um poema nasceu da conversa com o amigo e jornalista
Carlos Melo, sobre as dificuldades de um primeiro passo de um projeto, sobre a
luta e suas consequências, sobre como – depois da vitória conquistada – algumas
pessoas olham e diz assim: “mas era provável que isto acontecesse!”.
Sobre – ainda! – os “tapas nas costas”, a “torcida do
contra” e tudo isso que vem de quem não tem coragem de abandonar sua própria
redoma, de quem teme os riscos a ponto de nunca deixar a zona de conforto. Quem
ama versos no papel e nunca se arrisca a compor a própria poesia...
Viver é mais que respirar!
Assim como os projetos que queremos para nossas vidas
devem envolver mais que querer dinheiro, ainda que este seja necessário,
evidentemente.
Tenho pouco, mas daqui da varanda onde escrevo, com a
xícara de café soltando sua fumaça, a contemplação do céu azul, com minha filha
ao lado jogando seu Nintendo, eu trabalho feliz.
Escrevo em um momento de felicidade, porque mesmo
diante das tristezas posso dizer: eu saio da redoma todos, todos os dias, mesmo
quando não saio de casa literalmente.
Meu pequeno reino vem sendo feito por mim, sem
bajulações, sem puxa-saquismos e – sobretudo – sem desejar mal a seu ninguém. É
um pequeno universo de conquistas e derrotas. Algumas derrotas graves ao ponto
de me fazerem quase desistir, mas que no fim das contas – até aqui – tem me
feito acreditar no lema: “o que não mata fortalece!”. E bola para frente, rumo
ao amanhã.
Sem esperar melhor hora diante de todas as horas que
possuem o dia, eu penso em melhorar a cada hora, todos os dias. Tanto que, das mais simples conversas, nascem
meus rabiscos que são sempre variações de um mesmo tema. Rabiscos? Sim, mas os
poemas que que queria ler e que alguém não fez, então eu faço, todo dia, todo
dia, todo dia...
Na Redoma
(Luis Vilar)
Na redoma
Satisfeito
Sem nenhum desespero
Esperando a melhor hora de
acordar
Como se houvesse melhor
hora...
...dentre as horas de um dia
Como se houvesse melhor
verso...
...quando são todos que formam
a poesia
Na redoma
Aqui sem cheiro
Sem necessidade
Sem nenhum receio
Esperando o momento certo de
acertar
Como se houvesse um só
momento...
...com janela aberta e todos
fatores de garantia
Como é lindo entender a
vitória acontecida...
...desprezando os riscos que
até então havia
Na redoma
O tempo inteiro
Passou janeiro, chegou
janeiro
Nunca saiu de lá
Transparente, da redoma
sempre viu a vida
Passou tantos dias a desejar
Como não haveria de invejar
E beber deste veneno todo dia
Sem nunca sair de lá...
Sem nunca sair do lar...
Na redoma, o único trabalho é
respirar
Enquanto existir o ar
Mas eu quero mais, eu quero
respirar poesia
Sei dos riscos que há
Os riscos de sair de lá
Os riscos de sair do lar
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