terça-feira, 9 de abril de 2013

Se puder, escreva...se não puder, também escreva!


Escreva quando a dor parecer ser insuportável. Quando diante da solidão extrema dos teus pensamentos o mundo parecer tão indiferente. Quanto não houver palavra para o que se sente de forma tão urgente a necessidade de expressar. Escreva, que as palavras mostraram muita coisa em suas entrelinhas. Haverá linhas tortas por entre as pautas que servem de guia. E estas – de repente – irão te guiar...

Linhas tortas que tão pouca gente vai conseguir avistar, mas que vai aliviar esse vazia e esta grande ausência de sentido para uma estrada que tu atravessas, sem estada, sem porto, sem porta aberta. Serão estas linhas tortas – que como flores inesperadas – apontaram um jardim em algum lugar. Que te fará respirar de forma mais lenta, a cada batida de dedo no teclado, a cada palavra posta com força, como se fosse uma batalha...escreva, coloque a alma do lado de fora, ainda que não tenhas a quem mostrar.

Os textos são como pontes que atravessam oceanos inteiros. Revelam muito de nós! Tanto que nem todos os leitores saberão enxergar. Tanto que muitas vezes para ti mesmo será surpresa o tanto quanto tu tens a compartilhar. O quanto pessoas te darão as mãos, mesmo que não as conheça. Só quem escreve sabe o quanto um texto pode salvar.

Escreva: em guardanapos, no computador, em pequenos papéis, em rascunhos, que podem até ser que desapareçam, mas que em algum canto teu continuarão a brilhar. Um sol diante daquela indiferença. Um local de descanso para quando o céu parece querer desabar.

E ainda que não seja a tradução perfeita, é porque não existe tradução perfeita...

Ainda que não tenhas algo a dizer em particular, deixe que saiam as palavras. Deixe o silêncio de uma madrugada te levar. Só quem sabe mergulhar em seu próprio silêncio, viver suas luzes e sombras, suas próprias fúrias e silêncios, saberá com o tempo, que temos tanto a aprender... quanto a ensinar.

Que cada texto solto nesse universo infinito, algum dia e em algum tempo encontrará o seu lugar. Aquela palavra que te acolheu em um dia frio e sem perspectivas, abrirá portas para quem se sente encolhido e sozinho em uma ilha. Será uma estrada – ainda que singela! – para uma janela aberta, para um horizonte escondido entre nuvens...

Escreva para limpar o céu, para conhecer a si mesmo, para se doar...

Se eu puder dar um conselho em dias trises, é este: escreva, escreva, escreva...se tanta gente tem tanto a nos dizer, pode acreditar: também temos tanto a nos dizer, temos tanto a nos ensinar, temos tanto de escondido dentro de nós mesmos, temos luz na medida certa de cada sombra que teime em nos enfrentar...

E é justamente por isso, que a escrita pode muitas vezes ser a ferramenta perfeita para mostrar que os gigantes são só moinhos de vento. Pode nos fazer enxergar a nós mesmos de um lugar privilegiado, quando retornamos ao texto produzido como um reencontro com um velho conhecido, que estava a nos esperar para seguir em frente; para enfrentar.

Escreva! Jogue uma garrafa com a mensagem no oceano desta vida; pode demorar; podem passar horas que se pareçam infinitas, mas terá sempre um reencontro à vista. Escreva como uma forma de usar a alma pelo lado de fora; escreva na solidão do quarto, ou na multidão que caminha de forma tão enlouquecida.

Por vezes, faça das páginas uma pequena ilha. Por vezes, seja também insular. Acredite que as palavras possuem esta forte magia. E na possibilidade e escrever, jogue o texto no ar. Fale sozinho; achar a frase certa muitas vezes é como encontrar uma chave e sua respectiva porta ainda que em um beco sem saída. Foi assim tantas vezes na minha vida. Escreva, é o conselho que tenho a dar...

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