Sempre rabisco poemas em guardanapos como se fossem
projetos arquitetônicos de uma ponte imaginária que levarão a algum lugar…
Sabe-se lá se para um terreno desconhecido. O obscuro
lado da lua; ou de si mesmo…
Sabe-se lá...
Às vezes é uma ilha; às vezes a fuga de um estágio
mais insular. Uma ponte perdida para a tradução de um momento; para o exorcismo
de alguns demônios...
Um poema como se fosse uma carta que nunca vou mandar!
A maioria destes versos nunca são (nem nunca serão!)
publicados; mas parecem ocupar um lugar no espaço, com frases que eu repito
para mim mesmo, nos mais diversos momentos. Como mantras para superar os dias
mais difíceis, como suporte para as quedas inevitáveis...
...como a certeza de que aqueles que quiseram me ver
cair terão que engolir seco minha coragem de sempre levantar!
São assim os poemas: espinhos e almofadas, líricos e
ásperos, idealizações e tão reais...com tanto a dizer que, quando lido anos
depois, dizem coisas totalmente diferentes do que quando no dia em que foram
escritos...
Os poemas não são escritos...são “ex-critos”. O ex de
externo, de colocar para fora, de expulsar. É usar a alma pelo lado de
fora em dias que nos cobram tantas
couraças para suportar a desonestidade, a falta de respeito, a indiferença, a
inveja, enfim...
Os guardanapos rabiscados a cada café são refúgios
meus. Sorte minha de ter essa relação com as palavras! É assim que me reeduco,
é assim que sigo. É assim que me refaço diante dos baques...e por falar em
quedas, quem não tem as suas quedas livres de alturas inimagináveis...
Transformar queda em voo; emparedamento em
oportunidades...eis outra tarefa nobre que acabo encontrado nas entrelinhas das
linhas tortas em um guardanapo. Se Deus escreve por linhas tortas, com total
certeza ele rabisca em guardanapos.
Foi num guardanapo e com uma Bic azul que eu aposto
que – se há um Deus! – Ele desenhou o céu com luas e estrelas. Minhas palavras
buscam desenhar o sol quando o dia teima em nublar; ou de equilibrar com
algumas nuvens quando o sol é tão forte que teima em cegar...
Afinal, holofotes tanto cega quanto iluminam! Afinal,
a diferença entre o remédio e o veneno pode ser a dose! Eu preciso de óculos
para corrigir minha visão; mas não suportaria ter a visão perfeita de uma
águia. Seria incapaz de ver o que há de mais belo no mundo, apesar de enxergar
tudo de forma tão perfeita. Eis uma metáfora já posta em guardanapos!
Já falei sobre estes rabiscos em guardanapos aqui uma
vez! Volto ao tema, sabe-se lá por qual razão...creio eu por ser agora um
daqueles momentos insulares em que preciso mandar sinal de fumaça para algum
lugar. Será que ele chegará aí? Se você leu, se você me compreendeu...funcionou
a ponte projetada neste guardanapo virtual. Alguém deu o nome de blog, né?
Plataformas, apenas plataforma. O conteúdo é que é – e sempre vai ser – ponte
para algum lugar.
Unir corações.
É como pegar um guardanapo rabiscado e com ele fazer
um aviãozinho de papel e lançar no ar. Obrigado a você que lê. No momento em
que o aviãozinho de tocar estarei sendo menos insular!
Nenhum comentário:
Postar um comentário