terça-feira, 2 de abril de 2013

Um guardanapo, um aviãozinho de papel e a fuga da ilha


Sempre rabisco poemas em guardanapos como se fossem projetos arquitetônicos de uma ponte imaginária que levarão a algum lugar…

Sabe-se lá se para um terreno desconhecido. O obscuro lado da lua; ou de si mesmo…

Sabe-se lá...

Às vezes é uma ilha; às vezes a fuga de um estágio mais insular. Uma ponte perdida para a tradução de um momento; para o exorcismo de alguns demônios...

Um poema como se fosse uma carta que nunca vou mandar!

A maioria destes versos nunca são (nem nunca serão!) publicados; mas parecem ocupar um lugar no espaço, com frases que eu repito para mim mesmo, nos mais diversos momentos. Como mantras para superar os dias mais difíceis, como suporte para as quedas inevitáveis...

...como a certeza de que aqueles que quiseram me ver cair terão que engolir seco minha coragem de sempre levantar!

São assim os poemas: espinhos e almofadas, líricos e ásperos, idealizações e tão reais...com tanto a dizer que, quando lido anos depois, dizem coisas totalmente diferentes do que quando no dia em que foram escritos...

Os poemas não são escritos...são “ex-critos”. O ex de externo, de colocar para fora, de expulsar. É usar a alma pelo lado de fora  em dias que nos cobram tantas couraças para suportar a desonestidade, a falta de respeito, a indiferença, a inveja, enfim...

Os guardanapos rabiscados a cada café são refúgios meus. Sorte minha de ter essa relação com as palavras! É assim que me reeduco, é assim que sigo. É assim que me refaço diante dos baques...e por falar em quedas, quem não tem as suas quedas livres de alturas inimagináveis...

Transformar queda em voo; emparedamento em oportunidades...eis outra tarefa nobre que acabo encontrado nas entrelinhas das linhas tortas em um guardanapo. Se Deus escreve por linhas tortas, com total certeza ele rabisca em guardanapos.

Foi num guardanapo e com uma Bic azul que eu aposto que – se há um Deus! – Ele desenhou o céu com luas e estrelas. Minhas palavras buscam desenhar o sol quando o dia teima em nublar; ou de equilibrar com algumas nuvens quando o sol é tão forte que teima em cegar...

Afinal, holofotes tanto cega quanto iluminam! Afinal, a diferença entre o remédio e o veneno pode ser a dose! Eu preciso de óculos para corrigir minha visão; mas não suportaria ter a visão perfeita de uma águia. Seria incapaz de ver o que há de mais belo no mundo, apesar de enxergar tudo de forma tão perfeita. Eis uma metáfora já posta em guardanapos!

Já falei sobre estes rabiscos em guardanapos aqui uma vez! Volto ao tema, sabe-se lá por qual razão...creio eu por ser agora um daqueles momentos insulares em que preciso mandar sinal de fumaça para algum lugar. Será que ele chegará aí? Se você leu, se você me compreendeu...funcionou a ponte projetada neste guardanapo virtual. Alguém deu o nome de blog, né? Plataformas, apenas plataforma. O conteúdo é que é – e sempre vai ser – ponte para algum lugar.

Unir corações.

É como pegar um guardanapo rabiscado e com ele fazer um aviãozinho de papel e lançar no ar. Obrigado a você que lê. No momento em que o aviãozinho de tocar estarei sendo menos insular!

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