segunda-feira, 27 de maio de 2013

Sobre o reino da filodoxia...


Não gosto muito de rótulos. Acho-os perigosos. Delimitam qualquer possibilidade de entendimento melhor sobre o que uma pessoa quer dizer, pensa, busca expor...enfim. Quando não, abre espaço para que – açodadamente – se julgue o livro pela capa.

Tenho mania de recorrer ao silêncio diante do que escuto. Pesquisar diante da dúvida, para só então fazer uso da palavra. Um respeito pelo outro e por mim mesmo. Pelo outro, por evitar a injustiça; por mim mesmo, por saber que o excesso de certezas molda o estúpido; que finca raízes onde o colocam e ali permanece para estar a serviço das verdades que professa.

Devemos assumir a responsabilidade com o nosso próprio EU! Não quero entregar de bandeja minha liberdade de reflexão, de pensamento, de escolhas...enfim, a garantia de nossas liberdades individuais. Penso eu que quem se vende, recebe sempre mais do que vale, por menos que receba.

Não é fácil tarefa. Requer muitas vezes divergir sem ser grosseiro. Ir no mérito de questões e não ir “para cima de pessoas” como um leão faminto pronto para aniquilar o oponente. Requer refletir sobre as sombras e buscar a saída da caverna; ao invés de maldizer a luz.

Thomaz Jefferson foi muito sábio: “se uma nação espera ser ignorante e livre ao mesmo tempo, espera ser algo que nunca existiu”. O mesmo vale para o indivíduo. Nunca consegui, por exemplo, ser “admirador” de um filósofo sem ir a fundo na leitura de sua obra. Nunca consegui, e aí falo por mim, arrotar conhecimento após o consumo de “orelhas de livros”.

Não estou defendendo o eruditismo com isto, estou apenas buscando uma reflexão sobre a estranha existência de tantos especialistas em tantas coisas. Os “profundos” pitaqueiros que se afogam na própria mediocridade.

Sempre estranho os “que sabem tudo” e direcionam tudo para uma mesma óptica. Possuem um funil por onde passam as interpretações que fazem da realidade. Percebam que este “funil” acaba por levar sempre a conclusões que estão a serviço de uma causa fundamentada em pensadores que muitas vezes sequer foram lidos pelo tal “especialista”.

No máximo, o tal “especialista” foi doutrinado em uma “forma de pensar” que faz de pensadores...os “mitos”. Acho uma pena; pois – aos poucos – vamos perdendo a essência de algo fundamental ao processo filosófico que engradece o ser humano: o debate. Vira e volta é preciso sim revisitar o que já disseram sobre Sócrates e o processo do conhecimento.  Resumindo na frase “só sei que nada sei”, nos empurra ao autoconhecimento e não a uma doutrina.

Que faz um doutrinador no curso de filosofia? Filodoxia! Que faz um obscurantista numa palestra? Proselitismo! Que faz um militante cego em uma rede social? Aniquilar o oponente e destilar ódio! E por aí vai...é de lembrar de Tomás de Aquino: não pode jamais do mal nascer o bem. E aqui é necessário levar o mal e o bem para além do maniqueísmo, mas para a reflexão sobre a genealogia do que é dito, feito, posto...no sentido de plantar e colher.

Logo, o que se planta na tentativa de se eliminar um dos lados do debate – seja ele qual for! – pode ser tudo, menos uma busca por colher democracia. Aliás, qualquer tentativa de imposição de conceitos enxergando a democracia como um produto que só possível por uma via, é esquecer que ela é um processo, com seus defeitos, com suas falhas, mas um processo aberto ao aperfeiçoamento por meio do debate e não de outra forma. Mas, andam querendo criar sinônimos para democracia que nada tem de democrático.

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