segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Do pouco que busco; do que de belo eu encontro

Zaratustra – do filósofo Nietzsche – coloca que, em nossa trajetória, podemos demorar muito tempo até nos depararmos com o que realmente queremos e o que dá sentido às nossas vidas. Até nos olharmos como expectadores de nossa própria existência nos sentindo bem à vontade com essa presença no mundo. Este encontro que é a arte da vida, entre tantos desencontros, como diria o poeta Vinícius de Moraes, nos traz um sentido para o que fazemos, para o que queremos e para onde vamos, ainda que o fim da existência seja igual para absolutamente todos os viventes.

O profeta Zaratustra ainda segue em sua reflexão. Coloca que – ainda que se demore muito para encontrar se quer da vida – quando nos deparamos com este achado, não podemos recuar. Não podemos abrir mão! Caso contrário, teremos uma derrota que significa morrer antes da morte! Estar neste espaço metafísico que dá sentido a existência não é fácil. O mundo não vai abrir mão – com seus acontecimentos, com seus seres aflitos e alimentados pelo ódio e pela inveja – das tentativas de nos roubar o norte.

Precisamos lembrar sempre da “alegria limpa” de agir de acordo com a consciência. Não perder de vista. Foi isto que me fez escolher o jornalismo. Levou-me a exercer esta atividade de forma tão singular; e me deixa cada vez mais distante da forma como é praticada hoje. Não digo isto por arrogância ou por querer julgar as múltiplas formas de se pensar jornalismo. Acho-as válidas e necessárias ao debate. Não digo que a minha maneira é a correta. Digo apenas que no exercício da minha labuta, sempre procurei a objetividade, a honestidade intelectual para com o leitor e o estudo aprofundado dos assuntos que decido abordar.
Além da consciência limpa ao final de cada texto.

Fiz do meu texto, um texto que é realmente meu. Que não precisa de assinatura para estar assinado. Disto, orgulho-me. É isto que luto diuturnamente para não perder, porque sei o quanto demorei para chegar aqui e para afirmar – com todas as letras – que é o que quero de minha vida. Agora, não vou recuar. Ainda que eu me sinta em uma ilha quando defendo algumas ideias sobre o exercício da profissão e as argumento com o público.

O que me causa estranheza, hoje em dia, é a quantidade de “profissionais da pena” que usam o jornalismo como cavalos selados sempre a serviço de um montador. Uma ideologia, um parido, um recibo...e por aí vai. Apequenam-se enquanto seres humanos, fingem ser pensadores, arrogam para si uma pseudo-intelectualidade em função da profissão que exercem, arrotam verdades sem possuir domínio sequer sobre o que pensam. É triste. Lambuzam-se no mel das fontes em busca de seus palcos e vitrines.

Infelizmente, com o pensamento crítico é assim: quando menos você usa, menos vai sentir falta dele. Com isto, acaba se acostumado com as “verdades” e “chavões”, sem a necessidade da busca a qual me referi ao citar Zaratustra neste texto. E aí, surge algo típico das discussões que estão sendo travadas nas redes sociais, hoje em dia: acaba sendo tomado por arrogante aquele que cita suas fontes, as leituras que faz, com forma de embasar seu pensamento; a sua reflexão.

Por que é de se estranhar? Ora, citar tais elementos é dar condições para que todos que queiram acompanhar uma linha de raciocínio possam contribuir ou discordar com mais substância. Neste sentido, a pesquisa, a leitura, enfim...são primordiais para este caminho que tento mostrar aqui. Mas alguns de nossos intelectuais – tão sinceros quanto a “fé” que os patrocinam – fogem disto como o diabo foge da cruz. Será que é preciso explicar o motivo?

São intelectuais que tratam certos estudos como relações secundárias pela razão de não falarem com a alma, com honestidade intelectual. Seus trabalhos servem apenas de palanque para a vaidade, para se lambuzarem em seus celeiros, pelos títulos, com os títulos e para os títulos de uma panelinha que não se encontra, nem se encontrará. São pensamentos nebulosos para sustentar algo maior. Por isso se apóiam no politicamente correto, no monopólio das virtudes, nos chavões e em outras práticas de pura vigarice intelectual.

Fazem parte do bando. Fazem questão de não serem indivíduos. Partem para o típico papel de quem não quer o debate. De quem quer apenas confundir, iludir e doutrinar. Necessariamente nesta ordem.


Quem tiver olhos que veja; quem quiser buscar a si mesmo que não recue, pois não faltarão ataques, por todos os lados e de onde menos se espera. Prestem muita atenção que existem valores – para determinados pensadores – que podem ser deturpados em função da causa. Entre eles, os que motivam os crimes e o que é honestidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário